quarta-feira, fevereiro 18, 2004

A literatura é uma ilusão

"Quero viver como se o meu tempo fosse ilimitado. Quero me recolher, me retirar das ocupações efêmeras. Mas ouço vozes, vozes benevolentes, passos que se aproximam e minhas portas se abrem".
A literatura sugere imortalidade. Rilke intuiu a sua própria imortalidade em meio a toda a consciência de finitude, que invade e se dissipa pelo mundo, pelas coisas, pelos homens, sua imortalidade foi sentida e pensada também e tanto quanto outra ilusão de eternidade. Assim, nada mais que outro "objeto jogado" e condenado a um outro tipo de ilusão. Mas, contudo, ele próprio, Rilke, enquanto ser-aí, foi destinado como todos à finitude final, como todos que aí estão, como tudo que envolve e vive junto com o ser-para-si e ser-para-o-outro, por um tempo, é certo. A literatura é uma ilusão de que se pode enganar a própria finitude.
sandra ádria_na & um fragmento rilkeano de Cartas a um Jovem Poeta Rilke