terça-feira, novembro 29, 2005

Poucas & Profundas Palavras


"Muita tempestade, dor. Queria aprender a ser alguém melhor.
Mas estou em paz." by Eros

--Posted by Eros to Anna Karenina & suas "Flores do Mal"

Flores Cíclicas & Flores do Mal

Tito Lívio usava branco, olheiras escuras, tom rouge na parte inferior dos olhos. Como não é o seu normal chamou minha atenção assim que nos cumprimentamos. As olheiras ficam bem em Tito Lívio, como não ficariam bem “no” silêncio de um 'historiador'? Perguntei a ele se me trairia como ser humano antes de qualquer outra adjetivação a posteriori de sermos simples seres humanos. Disse que não, não, embora nossa condição nos torne traidores em algum momento da vida para alguma banalidade e entramos assim no tempo da flor cíclica. Explicações alquímicas. Respondi a Tito Lívio: e o que vive dentro da exterioridade adormecida dos outros tempos também adormecidos a esperar a vida retornada em instantes futuros? Um determinado número de tempos formam o tempo cíclico, enquanto um deles vive os outros adormecem, enquanto estes dormem um está no comando e o instante subseqüente dependerá do que o último realizou. Há uma continuidade entre eles que os liga e os faz ser somente um_ou há uma fragmentação entre todos eles e cada um vive egoisticamente seus instantes e também seu adormecer. Como saber se aqueles que dormem não conspiram contra aquele que vive? Ah! Há luz em volta de mim, há também uma luz adormecida e eu nada sei sobre sua luz. Tito não sorriu. Quase não sorri. Pediu que eu transpusesse isso para as Flores do Mal. Então, eu disse: existem outras alquimias além de seu silêncio e de suas poucas palavras, como a flor cíclica, por exemplo, que pode vir a ser uma das flores do mal assim como o modo de ser do estado cíclico do ser humano em "ser" sua própria natureza, algumas partes do que existe dentro desse processo cíclico fariam nascer as flores do mal, em circunstâncias favoráveis, os hóspedes da natureza humana regariam as flores do mal ou não_ deixando-as à sorte incerta de sua morte_ mas como deixar morrer uma flor? Imagine a natureza humana plantando um jardim de flores que vai aumentando à medida em que o dono deste jardim vai existindo e envelhecendo. Um dia ele olha e vê todo o tipo de flor possível, algumas plantadas por ele, outras não, algumas regadas por ele, outras não, algumas emprestadas, dissimuladas, outras colocadas ali por simples curiosidade e experiência, outras cresceram pelo amor e pelo carinho, outras surgiram sem que ele visse, mas agora estão ali, outras vieram pela paixão, pelo ódio, pela luxúria, tenta fazê-las desaparecer, mas agora, elas se nutrem do alimento de flores-outras que estão próximas, como se o jardim criasse vida própria e o seu dono em dado instante não pudesse retirar aquelas que lhe trazem tristeza, angústia, abandono, vergonha, são parte da natureza humana, são parte agora do seu jardim, do seu passado, arrancá-las seria como espedaçar uma parte da história de sua vida. Elas permanecerão no jardim. Arrancá-las pela raiz deixaria um buraco na terra onde as flores-outras provavelmente não desejariam nascer e tentar ocupar um lugar que vai contra sua natureza-outra. É o preço do cíclico dentro de um modo de viver aleatório fazendo surgir ora flores do mal, ora flores-outras_ às vezes Tito's Lívios & Anna's Kareninas_ e quase sempre, sempre pessoas que se dizem ser fortemente abaladas pelas palavras, mas somente quando lhes convêm assim ser. O abalo foi real? Não, não, apenas plantou mais uma flor-equivocada num tempo cíclico-já-perdido. *
Assim é a Vida. Mas teremos Outras Ainda, num Outro Tempo, Outra Circunstância, Outros Jardins. Então, Até lá.
sandra & A Parte Lúdica Com Tito Lívio_ plantou Lírios, plantou Lírios-Curingas