sábado, março 27, 2004

Cartas Primeiras

Um colega lendo a Carta de Pero Vaz de Caminha. Fecha o livro com um jeito displicente e com o olhar perdido e achado, diz: "todos nós deveríamos guardar a nossa primeira carta."
Sim, faz sentido. Deveríamos guardar tudo que fosse considerado como primeiro (a), uma espécie de origem de nós mesmos. Mas, o que faríamos com a primeira carta, por exemplo, após a chegada da segunda, da terceira, das inúmeras que vêm e vão?
Por que sentimos felicidade em voltar para algo do passado? Não deveria ser o extremo oposto? Felicidade em ir, em avançar para algo futuro?
Voltar é sempre mais reconfortante, seguro e solitário. Ir, implica sempre em receios do desconhecido, um certo medo, nada ainda a ser lembrado ou esquecido, apenas um pensamento solto daquilo a ser vivido, experienciado, talvez, amado.
sandra ádria_na & a Primeira Carta_ ao lado de Lembrar ou Viver_ Voltar ou Avançar.
'É isso então a vida?'_ perguntaria Nietzsche_ e: 'Pois então, uma vez mais.'