Imagens, uma vez mais

O que pediria a Vida aos seres humanos? O que damos a Ela?
*
Dize-me quem amas e te direi para onde contribuis para que a Vida vá. Que vá por onde menos se espera é um fato, que ames o lado oposto para o qual nasceste, um desvio de viver, que chores por ter feito este caminho, o lamentar-se adequado ao vivido.
O que fizeste, então, com a Vida?
E, assim, dizer, sem nenhum pudor, 'ora, é bom sair e olhar de fora e perceber que o rumor é coisa de quem passa, de quem se perdeu e pensou o contrário. Deixe assim, este velho chão, ainda terá muito por dizer e quando ouvires novamente: "o que deste à Vida?" E retornar, logo após, seu olhar por sobre seu próprio coração e sentires aquilo que não deste, então, será a hora do tarde demais para voltar.
Hora de ir, pois que retornar é impossível.
E, assim, dizer, sem nenhum pudor, 'ora, é bom sair e olhar de fora e perceber que o rumor é coisa de quem passa, de quem se perdeu e pensou o contrário. Deixe assim, este velho chão, ainda terá muito por dizer e quando ouvires novamente: "o que deste à Vida?" E retornar, logo após, seu olhar por sobre seu próprio coração e sentires aquilo que não deste, então, será a hora do tarde demais para voltar.
Hora de ir, pois que retornar é impossível.
Hoje compreendo porque razão existe a não imortalidade sobre a face da Terra. Seria uma maldição para aqueles que chegam perceber o acúmulo de não-virtudes sem a possibilidade de que a Vida pudesse ter a esperança de renascer. Talvez o belo, quanto ao fato de que todos morreremos, é a esperança que fica implícita naqueles que estão por chegar porque aqueles que partem nos fornecem a compreensão do sentido da morte.
Bachelard diz que para a imaginação, um mundo gravita em torno de um valor.
Muita imaginação sem valor definido?
Ou pouca imaginação com os mesmos valores bem definidos é que colocam sobre o mundo uma película de movimento a transportar para cada novo coração a resposta final que cada antigo coração buscou. Todos procuraram. Quem encontrou?
Ou pouca imaginação com os mesmos valores bem definidos é que colocam sobre o mundo uma película de movimento a transportar para cada novo coração a resposta final que cada antigo coração buscou. Todos procuraram. Quem encontrou?
Se você pudesse dizer algo ao mundo e ser ouvido por todos por alguns instantes, que frase escolheria?
Eu não escolheria nenhuma palavra, se fosse possível, apenas uma imagem de sensações, aquela que traz a proximidade da luz azul. Sei que ele sabe do que falo pois é para ele que escrevo tais palavras, sei que olha para mim enquanto as escrevo porque se uma parte de mim lhe pertenceu e uma parte dele está em mim, tudo isso tem a ver com associações de idéias antigas, muito antigas, aquelas que não sabemos sequer onde buscar ou quando chegarão, sentimos, existem.
E não se deve desprezar conselhos vindo de mundos não racionais, por isso quando ouvi: "deves trabalhar com associação de idéias antigas, muito muito antigas", tão antigas que não sabes onde elas estão, sequer sabes de sua existência, não as imaginas por hora, mas lembrarás".
O que poderia significar? Não seriam os sentimentos uma associação de sentimentos antigos? Não seriam as sensações, associação de sensações antigas? Percepções, relações, reflexos, espelhos e beijos e tudo o mais já vivido e novamente a reviver? Que a beleza do corredor marrom de madeira_ da velha casa de pessoas estranhas e nada a ver_ traga, junto com todas essas coisas, mais que a imagem do homem de paletó branco a passear sutilmente por um lugar que antes foi seu. Ele aguarda algo acontecer? Por certo, também eles, que partem, continuam esperando, nós, que não partimos, contudo, esquecemos disso, o esperar se torna a casa de madeira que não mais existe e embora toda a imagem etérea possa ser vista com desconfiança, no fundo, o que importa é sua permanência ao lado do valor que move a imaginação. Ver com encanto o valor da imaginação, pois não é durante tal movimento que se morre e se renasce?
A minha imaginação pergunta pelo homem de paletó branco.
O meu valor pergunta pela sua casa de madeira antiga e pelo suor de seus pés na madrugada a soar como se nada tivesse mais a tocar com seus olhos. Tocarei outra vez seu rosto envelhecido e as sensações antigas que retornam insistentemente me darão alento para entender por que razão algumas coisas não absorvidas pelo nosso racional insistem em se fazerem vistas quando o vício de seguir é o de sempre, o da não-despedida.
O meu valor pergunta pela sua casa de madeira antiga e pelo suor de seus pés na madrugada a soar como se nada tivesse mais a tocar com seus olhos. Tocarei outra vez seu rosto envelhecido e as sensações antigas que retornam insistentemente me darão alento para entender por que razão algumas coisas não absorvidas pelo nosso racional insistem em se fazerem vistas quando o vício de seguir é o de sempre, o da não-despedida.
sandra & as Ilações com o Homem de Paletó Branco & o conselho de Associações de Idéias com Idéias Muito Muito Antigas