sexta-feira, março 30, 2007

Dança & Filosofia & Poesia

Derivações a partir da Dança. A intuição filosófica ainda não passou pelos meus passos na Dança. Talvez seja uma esfera de vida que dispense a Filosofia, talvez dançar seja uma espécie de Filosofia Com Vida & Poesia do Corpo. Mas não quero "cair" em derivações de Filosofia do Corpo. Cair lembra em francês, tomber, à la tombée de la nuit, "ao cair da noite". A minha "decisão abstrata" sobre a Dança passou inicialmente à la tombée de la nuit, veio então uma chuva fina e delicada & junto um pensamento com o tempo de chuva lenta, mansa e que dizia, ele tem a imagem da chuva depois da dança. La pluie, a chuva, la pluie, a chuva. A chuva é para quando o Mundo deseja dizer: a natureza recebe meu coração e essa imagem de abandono da vida do Mundo é sentida como o seu inverso. Tento ler Merleau-Ponty & sua Fenomenologia da Percepção para encontrar a Dança no capítulo intitulado "O Corpo", sinto em Merleau-Ponty sua doença alternada com Poesia, leio, "O sol e a chuva não são nem alegres nem tristes", continuo pensando em um Merleau-Ponty adoentado, tomber malade, adoecer. Bases freudianas para cair na Poesia. Poesia para sair de si. Olho no dicionário em francês as expressões que se formam com o termo pluie e encontro cet homme est à couvert de la pluie, "este homem tem grande proteção".
Uma Dança, uma chuva, uma leitura aleatória, a descoberta de um Merleau-Ponty doente, e eis um círculo, um encontro de linguagem tardia com vida vivida. Então, se ele é como a chuva a cair depois da dança, se Merleau-Ponty soou doente sem Poesia, se o Mundo_chove para dar à natureza o seu coração, eu não quero jamais sentir que "o sol e a chuva não são nem alegres nem tristes", quero a chuva mansa e delicada da grande proteção.
"Olha a gota que falta pro desfecho da festa Por favor..." (Chico Buarque)

(O que significa dançar?...)

sANdrA . . .