"Tropeçando no Céu Como Se" Suavidades Fôssemos Encontrar

Encontros e reencontros com antigos amigos, instantes inesperados.

Luiselza acabou me fazendo escrever: acho que o Silêncio é o início da Suavidade_ e isso porque ela busca a suavidade na escrita. A escrita nos dá muitas coisas, também nos tira tantas outras, às vezes, nos permite, ainda que por poucos instantes, escrevermos sentindo a suavidade, palavra-a-palavra, a ocupar espaços antes vazios. São estes momentos que fazem valer a pena tudo aquilo que o escrever nos tira na Vida. Em momentos outros tentamos transportar o vazio para algum lugar da escrita, qualquer um, mas o vazio pertence à esfera dos espaços a serem transcendidos. Levar não é a mesma coisa que transcender, embora para mim ambos soem meio metafísicos, levar estará em algum instante futuro, "além", e pouco ou quase nada podemos saber de antemão sobre estes passos ainda não dados; transcender talvez seja como: deixar-se levar pelos instantes poéticos "tropeç (ando) no céu como se ouvindo música" estivéssemos, tropeçando em palavras como se vivendo "por descuido ou poesia", precisássemos, amando em abstrações como se cantando "Que a Dor é Tão Velha Que Pode Morrer", suavizássemos. Como se suavizando, a suavidade gostasse de ficar, "por descuido", "por poesia", por teimosia: "a dor é tão velha que pode morrer".

Tem muita suavidade em teu blog, (Olga) http://luiselzapinto.blogspot.com/

Em Chico Buarque, sinto a Suavidade-Paradoxal, às vezes ele me soa como a crueldade da Vida soprada por engano através de uma flauta ou um órgão soando baixinho, fazendo soar lá no fundo todos os tipos de crueldade que há no mundo, crueldade soando quase imperceptível, porque se soasse de outra forma, ruidosamente, creio que não suportaríamos. Chico é suave aos extremos com esferas da Vida que não possuem nenhuma suavidade, ele consegue isso com as palavras e a música, quase-divino. Mas, como é que ele consegue transformar o não-suave em tanta suavidade?

sANdrA & Algumas Inquietações