sábado, maio 23, 2009

Jovem Guarda: de Sócrates aos Blogs, laconicamente

Sócrates falava com o Oráculo de Delphos através das pitonisas ou o inverso, as pitonisas enviavam mensagens a Sócrates. Todos os gregos amavam os oráculos. Depois dos oráculos filósofo algum encontrou respostas tão breves e tão perto daquilo que 'é', "você bem sabe que eu não lhe prometi um mar de rosas, nem sempre o sol brilha, também há dias em que a chuva cai... a promessa que eu fiz foi fazer você feliz, eu queria que você entendesse o quanto eu lhe quero, o mundo inteiro aos seus pés, isso eu não podia...."
Sim, então vieram os filósofos da escrita, "esta é a última canção que eu faço pra você, se amanhã você me encontrar de braços dados com outro alguém faça de conta que pra você não sou ninguém, e que a chance que você perdeu nunca mais vou lhe dar..."
E chegou Platão, começou a vida acreditando na política e no teatro. Conta-se: foi ao Egypt de onde teria voltado com estranhas ideias oriundas dos cálculos piramidais, o Vale dos Reis e das Rainhas, a Barca de Kéops e o enigma da Esfinge. Jogou os mistérios para as mãos do demiurgo, nem tanto aos homens e nem tantos aos deuses. Platão foi extremamente refinado para sua época, ele sempre pensava muito à frente e por isso, as sutilezas, "rasgue as minhas cartas".
Aristóteles não conseguiu se fixar o suficiente na metafísica de Platão. Quis trazê-la para mais perto da terra, o jeito foi organizar tudo o que vinha pela frente. Ética se organiza, sensações e emoções, também, pela catarse! E Aristóteles não previu que um dia existiria tela de cinema e que para haver aí a catarse antes seria necessário uma produção de muitas fases de um tipo de catarse que não aparece na tela, "isso assustaria, ao ver revelado em seu caderninho..."
Então veio uma leva de novas escolas, o estoicismo, o epicurismo, os novos platônicos e neoplatonistas, "tudo era igual como era antes, a mesma praça, o mesmo banco as mesmas flores os mesmos jardins, tudo é igual como era antes"....e os séculos misteriosos em que viveram Paracelsus, Eliphas Lévi, Nostradamus, Cipriano, "tome um banho de lua, óh, numa noite de esplendor, sinta a noite de magia, luar tão cândido...." Joana D'Arc, e centenas de outros que cobrem estes séculos obscuros, "nos cantos escuros do céu falaremos de amor, ...pois na terra...", "eu te darei o céu meu bem e o meu amor também... até no infinito eu vou buscar..."
Vieram os românticos e o mundo viu poesia, amor, dor e sedução como nenhum dos profetas houvera predito, "óh, ó, cupido, vê se deixa em paz, óh óh cupido, pra longe de mim, eu quis um coração cansado de chorar, a flecha do amor só traz angústia e a dor/meu pobre coração já não aguenta mais/". Os românticos não foram profetizados, mas existiram: Rilke, Holderlin, Goethe, "todo mundo tem um amor na vida e tudo por ele é capaz, eu tenho uma paixão que é proibida...." E o criador do existencialismo, um grande filósofo, autor do Diário de um Sedutor, "esqueça quem não te ama, esqueça se ele não te quer, não chore mais, não sofra assim, porque posso te dar amor sem fim, ele não pensa em querer-te, te faz sofrer até chorar.... não chore mais, vem para mim, vem, não sofra, não pense, não chore mais meu bem...."
E então vieram os niilistas e o século da finitude e do sentido que deve ser buscado embora não seja possível de ser encontrado, "se você pensa que vai fazer de mim o que faz com todo mundo...." "esta é uma prova de fogo/fale agora ou então, deixe-me ir..."
Vieram os pós-modernos e tudo o mais. E o século virou mais uma vez e desta vez diante dos nossos olhos, "eu sou terrível, é bom parar desse jeito de provocar, eu sou terrível, você não sabe de onde venho, o que eu sou/eu sou terrível, não vai ser mole, me acompanhar, eu sou terrível..."
Mas, eis que então
vieram os blogs,
"e que tudo o mais vá pro inferno"
*
*
(hoje os amuletos, talismãs, profecias, previsões, predições, orações, rezas, se resumem a uma palavra: recordações, espargidas pelos blogs e com elas todos faremos um grande oráculo deste século e do próximo que ainda há de vir, por certo,
"daqui para frente tudo vai ser diferente...."