sábado, outubro 02, 2004

Suavidade Philosophique & Profundidade de Alma


Descobri em um escritor-filósofo uma combinação rara, um estilo de construção de textos_ ou seria um estilo de pensar?_ realizada pela união do 'simples' com a profundidade de si mesmo, quem sabe de sua alma. Simples para mim significa escrever de forma que o escrito se aproxime mais da vida do que da teoria, mais dificil de transpor o que somos assim do que em relação à uma teoria repleta de a prioris que se ligados ao fluir contínuo da existência pouco nos poderiam falar. Talvez Ele consiga essa união porque antes de unir o "simples" com a profundidade exista uma alta sensibilidade transposta para a linguagem de um jeito que soa às vezes suave e às vezes forte, muito forte. Belíssima combinação, suavidade filosófica em abismos particulares transformados em não-mais-particulares.

Abro aleatoriamente A Gaia Ciência de Nietzsche e leio: "A vida não é um argumento._ Preparamos para nosso uso um mundo onde possamos viver, admitindo a existência de corpos, linhas, de superfícies, de causa e de efeitos, do movimento e do repouso, da forma e de seu conteúdo; sem esses artigos de fé ninguém suportaria viver. Mas isso não prova nada em seu favor. A vida não é um argumento." Eis aí Nietzsche contra os a prioris de Platão e Aristóteles e a favor do fluir da vida, do ser, da profundidade esquecida em meio às teorias que prometem o mundo que precisamos viver e, no entanto, como se o mundo dissesse: Vês? viveste como te mostrei, foste pelos caminhos que eu indiquei, acreditaste neles mais que em ti mesmo, vês? que era só uma brincadeira? levaste os argumentos muito a sério para se construir seu mundo, mas a vida não era isso. Pena, não viste que era só uma brincadeira de Zaratustra?
sandra & as análises sobre a suavidade filosófica do Filósofo de Antiga Alma & as Brincadeiras do Zara
(imagem quadro de magritte 'os valores pessoais')