sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Ideias-poá

Assisti uma aula maravilhosa sobre filosofia, filosofia sem deixar de ser humana, por este pequeno pontinho de detalhe, uma filosofia-outra: não foi só uma abstração pela abstração, mas uma abstração pela Vida ou uma Vida que permeia entre "passos tecidos" e linguagem numa abstração única, embora abstração única pareça conter contradição, já que abstração tende ao universal e o universal não tem em si a exclusividade de ser único. Isso por si já retiraria da filosofia a proximidade com a arte como obra de arte que se pretende única. Mas não desejo divagar sobre papos-antigos, só formalizar pela linguagem uma imagem metafórica. Depois da aula, sem explicar agora conexões do pensamento, acabei lembrando de um presente: da sapatilha em poá-vermelho cheia de pontinhos em preto; acabei lembrando de uma amiga: que é louca por tecidos poás; e com tantas cores e tecidos e uma aula tão bela, imaginei um tecido-filosófico-poá com pontinhos de ideias espalhadas e soltas entre-si e, contudo, unidos por um mesmo-espaço (como o fundo vermelho da imagem da sapatilha, em analogia) que os converteria numa unidade; uma unidade com suas partes 'em todo' não somente pela 'cor' do 'tecido', mas pelo tecido-em-percepção, tecido-em-pensamento, tecido-em-observação, tecido-em-lembrança, tecido-em-memória, "tecido-em-alma" (Cês foi quem me ensinou a tecer sem tecidos em vermelho-poá). Tecido como particípio de algo que foi construído com arte em pequeníssimos detalhes porque às vezes é justamente a proximidade e a repetição de muitos detalhes, ainda que imperceptíveis, que em seu conjunto formam um 'todo'_ Dos Delicados Como Tu, diria, Cês. Dos póa-em-vermelho, diria a amiga apaixonada pelos tecidos graciosos. Dos poá-tecendo-sutilezas de Vida, como os imaginei-metaforizando. para haver encantamento em nomearmos com a palavra: tecido_ aquilo que foi feito, porém aí está/permanece; 'tecido', como o já realizado, já existencializado, porém, 'tecido' que o pode ser-outro ainda em outras formas e múltiplas maneiras. "Tecido-em-alma", diria Cês, também um adorador dos pontinhos. Penso que realmente o poá tem seu encanto existencial. Lembra demais a Filosofia, as nossas perguntas, os nossos dizeres incompletos (sempre), os não-dizeres & tudo o mais que fica metaforizado pelos pontinhos e pelo fundo que os une. Quem sabe as melhores respostas estejam no fundo e não nos pontos_ os velhos pontos de interrogação. Cês, amanhã irei passear nos grânulos de areia com as sapatilhas-poá, não se magoe, mas talvez eu entre mar adentro com passos 'tecidos'.
beijos-em-poá
sandra ádria_na