Mago Merlim. Sobre "Sensações"

Távola Redonda, circularidade. Espada-Mágica, espada-livros. Reino, Filosofia. Profecias, "ninguém não sabe ainda". Palavras, reverso do pensamento. Iniciada: Anna.
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Merlim possuía uma recorrência em sua fala para despertar os iniciados: primeiro deves aprender a te centrar em tuas próprias sensações & sentimentos para saber distinguir que entre estes e os pensamentos há um espaço não possível de ser explicado e, contudo, representam a alquimia de todo movimento posterior a tudo que não pode "falar", pois o tocado sem pensamento será sempre tocado pelo espaço onde o "nada" habita, deste espaço os pensamentos nascem como se fosse a tríade de movimento da Vida. Esta era a fala de Merlim repetida infinitas vezes com palavras outras, era uma fala metamorfoseada pelos instantes singulares da Vida, mas, havia sempre um mesmo princípio implícito o tempo todo nas palavras ou nas imagens sugeridas pelas palavras. É provável que tenha sido ele o autor da idéia de que o ódio é a outra face do amor, se há ódio, há amor. Fiquei pensando, era uma idéia realmente antiga esta dos opostos, se em vez de uma pergunta (amas a ... ?) fizéssemos a pergunta-reversa teríamos então duas respostas com uma só pergunta, logo, deveria ser: odeias a ... ? Diante de um sim, saberíamos que houve amor levado para seu reverso. Diante de um "não", não valeria a pena seguir com o diálogo. A epígrafe de Merlim deverá ser algo nesse sentido: para quando precisares poupar tempo escolhas bem como realizar uma pergunta para não correres para os braços do arrependimento depois que a tríade não pode mais se dar porque aprisionou-se no espaço de transição, o Nada. Todo o movimento precisará ser refeito uma vez mais, o problema é que agora não é mais puro como no seu princípio e toda filosofia "contaminada" tem menos chances de dar em algo Nobre do que qualquer outro pensar que mesmo não sendo Filosofia, por não estar ainda contaminado com movimentos que reiniciam, tem a possibilidade de se deslocar para outra esfera. É o ponto de luz do Nada. Nem todo ponto tem luz & nada, nem toda luz encerra-se em pontos, nem tudo que toca sem palavras deve ser pensado como nobre e como algo em que devemos fazer um ato de fé. Nem tudo que se afasta morre e nem tudo que está perto é o melhor que poderiamos viver, embora sempre acreditamos que seja isso mesmo. Merlim, com seu olhar aquoso, próprio dos profetas, foi refletir sobre o espaço de transição onde o nada habita, poucos sentem este espaço verdadeiramente, é por isso que o algumas pessoas colocam o valor da vida essencialmente pelo som das palavras. Merlim, com seu olhar aquoso, é um ser que precisa sempre das palavras, sua força não é a fragilidade-kafkaniana. Merlim foi-se embora a passos lentos. O espaço do Nada lembra lentidão. O espaço das palavras lembra não-lentidão & deve ser por isso que o mundo jamais conseguiria se movimentar sem palavras, julga-se que elas têm o poder de conduzir para além do Nada e completar a tríade da Vida. Será? Em todos os casos a partida a passos lentos deu-se sem palavras & isso sugere o caminho do meio da tríade de nosso movimento de existir: algumas pessoas permanecem neste ponto, no caminho do meio, é o que chamamos O Nada, O Grande & Inexplicável Nada.

sandra & o diálogo com o mago merlim