sábado, setembro 05, 2009

Barack Obama & Bo

Amei esta imagem: Obama (do qual fiquei fã, não sem surpresa porque depois da passagem de Platão pela Política Grega eu não me interessava em nada sobre este assunto, Política era para mim o outro lado de outro ponto cego que a humanidade 'necessita' viver, um avesso do avesso da Literatura, da Poesia, das Artes Plásticas & da Forma como eu "vejo" a Filosofia, mas os discursos de Obama são brilhantes, não há como não se encantar com suas palavras). A imagem traz também o Cão D'água Português (Fernando Pessoa, será que teve algum cão d'água de estimação?) O movimento da imagem é lindo, Obama, Bo, corredor, busto no final (de quem será?), as janelas de vidro, a luz, o sol, o ir, os passos, a companhia fiel de Bo. Estão de costas, adoro imagens como esta, pois faz nascer uma sensação no dentro de nossa percepção de que haverá uma virada de rosto e veríamos então a expressão leve, alegre, de Vida como imaginamos que exista no "movimento" simulacrado, no não-mostrado. Na verdade, tal impressão não se concretiza na imagem, é claro, mas para mim é isso mesmo que imprime encanto à fotografia: ficamos com a sensação de que haverá um movimento, uma virada de face e veremos repentinamente um sorriso, isto talvez dê à imagem um duplo movimento de beleza artística: aquilo que a imagem desvela/mostra & aquilo que sugere. Aqui, desejaríamos poder observar, porém não é possível a não ser pela imaginação dentro da sensação. Por isso, sinto que a sensação sem a imaginação não faz um grande talento se desvelar (parece que brinco com Kant?, pode ser, já nem lembro mais da KrP), é que começo a entender porque alguns discursos são racionalmente inteligentes enquanto outros transcendem o apenas "eu penso". Mas o que tem a ver a linda imagem com os discursos de Barack Obama? Além de cativantes, as palavras de Obama soam como obra de arte da escrita, da possibilidade de mediar o pensado, refletido para a esfera do dizer ao outro. E dizer com "esperança" de que o mundo pode ser algo melhor do que este que vivemos. Assim, Obama.
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Será que Bo é tão sensato quanto Barack Obama? Será que Obama possui tanta sensibilidade quanto o Cão D'água Português? Será que haverá uma outra fotografia de ambos no mesmo corredor com a mesma luz, correndo, no entanto & desta vez, em direção ao nosso olhar?, e à sensação incompleta que a primeira imagem nos reservou?_ aqui temos um 'modelo', sobre a Esperança, via mundo das abstrações onde também existe arte, poesia, luz & transcendência. Deve ser daí que a Esperança retira sua força: do primeiro movimento a sugerir outro movimento, no caso, outra imagem. Contudo continuo eu a me perguntar: de onde a esperança deve retirar continuamente sua força?
"... e habitou entre nós (...) cheio de graça e verdade."

Essa citação ilustra a imagem além de todas as derivações. A diferença é que a citação já existia há séculos e séculos antes do instante da fotografia: muitas coisas milenares já foram ditas e continuam vivas. Só dependem de habitar com 'graça e verdade' & para alguns isso é leve, suave, natural. Michael Jackson foi assim.
Assim "vejo" Barack Obama.
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sandra