sábado, junho 03, 2006

Um Olhar Oblíquo Se Desdobra Em "Duas Imagens"?

_ Retornaste?
_ A "boa filha" à Casa torna. Não é assim? À Casa da Filosofia.
_ Assim? Era isso, então?
_ Não só. Na Filosofia isso não se aplica, há bons e maus "filhos" e todos retornam. Vejo que retornaste também, Merlim.
_Eu sequer saí daqui, Anna. Aqui sempre estive.
_Mau sinal, Merlim, mau sinal, e maus sinais lembram um mau "filho". Deverias-tu fazer a experiência do retorno, contudo deverias para tanto ter partido. És bom ou mau "filho"?

(olhar de Merlim, aquoso, olhar de Anna, oblíquo) Ela diz: Não respondas, Merlim, o verdadeiro significado, guardando as devidas fontes, não substitui o mundo (já) vivido pela significação então atribuída. O mágico da vida, talvez, seja a condição de possibilidade existente entre "duas imagens" & elas só vivem nos momentos em que nosso olhar torna-se, sem que possamos saber exatamente porque é assim, oblíquo. As "duas imagens" habitam no mesmo corpo, mesmo tempo e mesmo espaço e paradoxalmente habitam também diferentes esferas. Sinto um perfume familiar e gosto de seu aroma. Sinto o meu sentir e "o sentir volta a ser uma questão para nós", pois eis que, há sentir no retorno, há sentir na partida, há sentir no movimento e tudo isso vem a ser o equilíbrio para as "duas imagens". Quando sentires o que isso significa novamente farei a pergunta: foste um bom ou mau "filho"? Quem sabe, nada disso que escrevo seja claro o suficiente para despertar algum tipo de sentir em um passante_virtual, mas sei que um dia explicarei com palavras (destinadas aos passantes?) aquilo que agora não preciso explicar para mim mesma com a linguagem das palavras, é que A Casa é "a Casa vista de lugar algum. Mas o que significam estas palavras? Ver não é sempre ver de algum lugar? Dizer que a Casa ela mesma é vista de lugar algum não seria dizer que ela é invisível?" Vejo a Casa com meus olhos e eles são oblíquos. Vejo a Casa que se vê de lugar algum. Vejo olhares aquosos que não podem ver as "duas imagens" pois são aquosos. Por isso, o olhar torna-se, ao contrário do que disse o filósofo, não_evidente, não_indubitável, lembrando o movimento das ondas, oscilando em movimentos de vida, ora longos, ora breves, às vezes fortes & outras vezes suaves. O nosso olhar como o movimento das águas?, a diferença é que alguns olhares têm o movimento dos rios, outros, movimentos de "filetes de água fina", ainda, olhares que lembram o sal ou olhares que evaporam depois de muita nebulosidade, & quando nada disso, então, oblíquos. São estes que vêem uma única imagem se desdobrando em "duas imagens", vêem no "escuro". Os aquosos, ainda não descobri se vêem no "escuro", sinto que sim, e sinto além pois estão mais próximos de ver em profundidade e superfície, quem sabe, exatamente por isso, dialéticos mais que qualquer outro.

sANdrA & A Casa da Filosofia Vista Por Diferentes Tipos de Olhares: Como Se Pode Olhar A Vida_ ou uma simples "casa vista de lugar algum."