quinta-feira, julho 21, 2005

Dualismo de sonolência & Dali

Castorp, "algumas doses de capim-limão e camomila à noite e bons sonhos."
Anna, "não sei, será que funciona para um dualismo de sonolência?"
Castorp, "como assim?, como assim dualismo de sonolência?"
Anna, "assim: meu corpo deseja o sono, meu cérebro não, como se este dissesse "dormir agora? nem pensar, estou no meio de uma diversão com pensamentos mutantes, não vou dormir."
Castorp, "humm, não dá para conciliarem um horário em que ambos possam fazer o que desejam?"
Anna, "difícil, estão sempre no sentido inverso, rebeldes. Isso me lembra as palavras de Roberto Piva, perguntam a ele sobre o fato de ter se utilizado do método paranóico-crítico de Salvador Dali para escrever poemas que compõem o livro Paranóia, tal método intuitivo por definição, se detém nos detalhes de uma composição para deles derivar.... ao que Piva responde: ... "o Dali criou este método a partir do delírio do paranóico que se fixa num detalhe e constrói um mundo alucinatório, imaginário, a partir daquele detalhe... num delírio semelhante ao do paranóico, só que não é um poema de alucinação persecutória. O poeta Allen Ginsberg dizia que a realidade é que é paranóica, não ele." (Cult, maio/2000). Meu dualismo de sonolência me lembra do método de Dali.
Castorp, "então, teus pensamentos se fixam num detalhe e a partir daí querem continuar "brincando"?
Anna, sim, o detalhe é como a primeira carta do baralho ou o primeiro lance de dados para os momentos lúdicos subsequentes, o tal 'jogo' vicia... e o corpo lá, desejando um bom sono depois dos chás de camomila e capim-limão. Viu como "ele" conseguiu transformar as ervas também em um detalhe lúdico? Não cansa nunca.
Castorp, "mais uma taça de chá, Anna?
Anna, "claro, obrigada por ter dado o primeiro lance, digo, obrigada pelas ervas aromáticas. Um "detalhe" para as horas subsequentes.
sandra & as ervas aromáticas de castorp-marcon no método intuitivo de salvador dali