terça-feira, março 24, 2009

a insustentável leveza do ser [de te ser]

"já pintei outonos" cês
"- porque a perplexidade poderia se chamar a grande questão humana. [guarda abraço no plexo solar] "

*cês, perplexo.

"- ou seria isso de ser perplexo uma bênção? que achas, hum? [abraço prenunciando outono] " césar cês.

art.com

cês,
permaneci pensando na tua 'perplexidade', permaneci no que poderia ser, permaneci por dez dias/permaneci-lendo 'a insustentável leveza do ser' & permaneci pensando, este não é um livro para os dez dias e as levezas. Permaneci pensando Tantas Coisas, Das ideias de Kundera tudo isso me deu uma lucidez tão triste Das Coisas Tantas,
_é que 'a insustentável leveza do ser' é um livro que nos impõe a lucidez, e quando estamos lúcidos estamos no outro lado da perplexidade, sim?, porque não podemos nos deixar perplexos
sendo lúcidos para os atos das pessoas, permaneci definindo lucidez como um olhar que consegue ver a face-fancy dos seres humanos através da velha e antiga máscara, película, verniz, maquiagem, disfarce, persona, fantasia, dissimulação, o ser humano por ele mesmo. Mas então lucidez é o olhar que vê antes e vê depois do que vive no ser humano por ele mesmo? & com estes pensamentos a perplexidade se esvai, flutua, escapa, vai embora, não há espaço para o estar-perplexo, e agora eu não sei se desejo continuar me surpreendendo com a vida ou se prefiro estar-sempre-em-estado-lúcido_
na perplexidade ainda existe vida pulsando, sim?

Transcrevo para ti uma passagem de kundera: "parece que existe no cérebro uma parte específica que poderíamos chamar memória poética que registra o que nos encantou, o que nos comoveu, o que dá beleza à nossa vida. Desde que Tomas conhecera Tereza, nenhuma outra mulher tinha o direito de deixar a marca, por efêmera que fosse, nessa parte de seu cérebro."

Mas, então, Cês, será que existe memória poética para o coração?, eu não desejaria ser Tereza, ser uma Tereza absorvida por uma parte do cérebro de Tomas, porque iria desejar isso? (Tereza, lúcida e triste; Karenin, sua cachorrinha com a perplexidade de seu epitáfio de dez anos vividos de croissants e um sonho de Tereza:

"Karenin, que fez nascer dois croissants e uma abelha")
*nunca mais vou comer croissants e tu, cês, tu nunca mais vais pintar outonos?
beijo-croissants
sandra ádria_na