quarta-feira, janeiro 19, 2005

Algo paradoxal

Descobriu um "algo" paradoxal que a surpreendeu, riu e depois compreendeu porque passa um "ar" infantil enquanto escreve coisas nada-infantis, ao ouvir a sua própria voz percebeu que a entonação des-diz a forma como sente o mundo e as pessoas e tudo o mais. Não compreendeu porque razão a força de suas sensações se manifestam contraditoriamente à voz. Como se dissesse: "não é bem assim" ou "tem realmente certeza de suas sensações?" então, por que a entonação de sua voz vai na direção extrema e oposta do significado das palavras de seu discurso sobre o mundo? Assustou-se um pouco. Seria o ponto cego se revelando numa circunstância inesperada? Ela sabia que os paradoxos começariam a aparecer. Aumentar, acumular-se até deixar seus pensamentos na maior desordem. Desejará mantê-los com lógica quando os pontos de vista apontarem para dois caminhos, ambos "verdadeiros"_ contribuirão para colocar a desordem em dia. Teria sempre que se decidir? Precisaria decidir-se por um e outro nas mais simples perguntas que acabaria por impor, a si mesma, uma resposta? Por que não poderia conciliar ambos os paradoxos diferentes em cada sensação abstraída? O que pode acontecer com uma overdose paradoxal? E se se permitisse a desordem? Ficou com receio de ultrapassar a "linha vermelha". Quem sabe outro paradoxo: um caminho que vai até um ponto, há um limite, e outro que começando exatamente neste ponto-limítrofe seguirá fluindo como desejar, sem nenhuma dependência, sem perguntas de querer e não-querer. Se desejar o retorno, não fará diferença, pois não terá mais direito às perguntas e o não-querer transformar-se-á em determinismo desencadeado por uma "contingência". Hume diz que não "há nada mais livre do que a imaginação humana", mas, onde ela conserva sua força de ser? Antes ou depois da área-limítrofe? Desde que seja livre, totalmente independente (não-necessária?) pressupõe-se que seja após a linha vermelha. Ser livre seria não esperar respostas? Ou não-desejá-las? Talvez os estóicos tenham sido aqueles a terem a existência mais livre e lúcida, conseguiram algo quase impossível: foram até o ponto, até onde ele termina, e o respeitaram, mas souberem "vislumbrar" a liberdade que o "depois da linha" oferece, sedutoramente. Olharam de "longe", com muita cautela como faz um bom cético ou como quando aspiramos a maresia e sentimos o mar sem termos tocado em seu "movimento".
É sábio saber sentir o mundo sem entrar nele?
Qualquer mundo possível?
& o leve sorriso ao julgar engraçado a entonação da voz & sua outra face_ a contradição & as ilações com a proximidade da linha vermelha.