quarta-feira, novembro 22, 2006

"Je pense à toi"_ em um sonho


Sonhei contigo na madrugada passada, um longo e estranho sonho ... não vou descrevê-lo, apenas divagar. Foi estranho também num outro sentido, além das imagens oníricas, pois nunca fiquei fantasiando nada que não fosse com os teus pensamentos sobre a Vida colocada além: no dentro-da-literatura & através das tuas belíssimas ilações em prosa-poesia. Eis que então o sonho me pega de surpresa. Talvez seja essa a nossa maior fantasia, a de sermos surpreendidos no dentro-de-nós. Talvez Rosa tenha escrito que "viver é muito perigoso" quando se sentiu em-surpresa consigo mesmo. Mas em seguida penso, o sonho não foi mais do que uma extensão das imagens de tua literatura. Em seguida, em tempo 2, o sonho fez com que eu me perguntasse: em que tipo de "esfera" será que navegam as primeiras palavras do Poeta após o Amor? O que pensará e dirá ele? ... será que faz Poesia? Quais suas primeiras palavras? Por onde vai a linguagem-tua? Em seguida, em tempo 3, continuei: será que ele reclama do contato com o tecido dos lençóis que começam a ficar gélidos pela umidade do suor?, suor, antes, úmido, mas não-gélido. Eis, a umidade dos lençóis é como a contradição do Amor vivido em sensações de instantes atrás, não? O frio repentino na pele em contraponto com o calor de onde veio o suor, quente e frio para a mesma cena a ser guardada em lembranças. Lembranças de um sonho? Pode? Peut-être. Não leve a mal o sonho e meus pensamentos soltos. Agora o tempo do "em seguida" deriva para outro lugar: se posso dizer "não leve a mal", por um paralelismo sintático poderia dizer "não leve a bem"? Mas não fica ok esta última construção, não é mesmo, Meu Poeta? Diga-me, fica ou não fica bem? Eu nada sei de paralelismo sintático. Sei que sabes tudo. E sei também o quanto é precioso um paralelismo em esfera-outra entre duas pessoas que acabaram de se amar, esfera posterior que não seja somente o corpo, que não seja nada de corpo, & ainda que esteja abraçada pela umidade que invade os lençóis, sinto nisso, às vezes, algo semelhante à analogia impensada do "não leve a bem" porque enquanto um continua embalado e sonhando no dentro-do-incerto-paralelismo "não leve a bem", o outro pode estar tentando encontrar "o" como dizer: "não leve a mal", dizer sem tocar-magoando.
Ainda aí, Meu Poeta?
Pois então, veja só o que me fizeste escrever... "não leve a bem", tudo no final é Literatura. Eu sou do tipo que não acredita na Realidade. Acredito em Demasia nos Poetas.

beijo- ....

da tua
sandra