sexta-feira, julho 31, 2009

Michael Jackson: Preciosa Lembrança (talvez não-verdadeira)









... (a esperança de uma lembrança é a última a nos abandonar...)
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A morte de Michael Jackson também me tocou imensamente, passei a ler tudo o que eu conseguia na web, assistir aos clipes, ler as legendas já que não conheço inglês, entrar em fóruns, leitura do Moonwalk, entrevistas, tudo que me foi possível para conhecê-lo um pouco mais. Estou dizendo isso porque o meu texto que segue poderia ter tido origem num grande desejo de tê-lo visto uma única vez e que a pessoa que estava no elevador panorâmico no centro de Lisboa em julho (ou agosto) de 1997 não era ele. Mas, eu desejo acreditar. Além disso, não fomos nós (nem eu e nem o Charles) que colocamos a hipótese de que um dos turistas, que estava dentro do Elevador de Santa Justa junto com a gente, fosse o MJ. Quem ficou na cisma que era MJ foi a filha do CK quando viu uma das fotografias, mas nós já estávamos em Porto Alegre. A Maíra é Jornalista e Exímia Fotógrafa, pelo que eu sei, faz muito tempo que não a vejo, então, pelo amor que ela sempre teve por fotografias, talvez ainda tenha consigo pelo menos o negativo do passeio que descrevo abaixo.
(nada que está escrito aqui é ficção, apenas associei a descrição do que aconteceu no passeio com a 'cisma' da Maíra e agora estou eu aqui, cismadíssima!)
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Em 1997 eu era companheira de um escritor gaúcho bastante conhecido, o CK, que foi convidado para ir palestrar e autografar sua obra na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal. Depois de Viana fomos a Santiago de Compostela, em seguida voltamos para Portugal e fomos até Lisboa, pois queríamos visitar o túmulo do Fernando Pessoa no Mosteiro dos Jerônimos. Fomos a vários lugares em Lisboa, é uma cidade linda, eu dizia o tempo todo: vamos vir morar aqui, CK?, ele dizia que os portugueses eram muito deprimidos e que eu me identificara com isso porque na época eu era um tanto deprê (as fotos não desmentem, é verdade). Bem, nós tínhamos em mãos um roteiro de lugares imperdíveis de serem visitados que o escritor Assis Brasil havia gentilmente nos passado, o roteiro era dele para quando uma de suas turmas de Oficina de Literatura quisesse ir a Portugal, o Assis ia junto e tinha então em mãos um belíssimo roteiro de viagem e nós estávamos tentando seguir para ver muito em pouco tempo. Dedicamos um dia para andarmos somente pelo centro de Lisboa, incluía o famoso Elevador de Santa Justa onde há o terraço de onde se vê a Lisboa de vários ângulos e de uma altura considerável. As pessoas chegam e vão entrando em um dos elevadores que leva ao terraço, eu lembro que na nossa ‘viagem’ havia um casal ao meu lado, um senhor na minha frente com um cachorro cocker, havia um rapaz bem na minha frente, alto, magro, com um rosto bonito e um sorriso que ia e vinha, pensei que devia ser filho ou amigo do casal que estava ao meu lado porque trocaram palavras ´rapidas em inglês. Lá fora, já no terraço, ficávamos circulando para ver Lisboa de todos os lados possíveis e tirando fotografias. Aconteceu que nessa circulação acabei parando ao lado do rapaz, acho que ele usava boné e óculos, ele se virou para mim e disse: “beautiful”, eu respondi em português: “lindo”, ele fez algum gesto ou disse algo onde me permitiu compreender que ele não entendera o que eu dissera, então repeti as duas palavras para sinalizar que significavam a mesma coisa: “beautifull-lindo”. Estávamos bem em frente ao Castelo de São Jorge, outro lugar muito visitado e que é possível ver lá do alto das torres/terraços do elevador. Não sei ao certo o que tentamos falar depois, mas eu não falava inglês, apenas conhecia algumas palavras, e ele não falava português. CK se aproximou e queria saber o que estava havendo, é que ele é fluente em inglês, expliquei a simples troca de palavras que se referiam à vista maravilhosa que tínhamos de Lisboa lá do alto. Em seguida CK bateu uma fotografia de mim, como estávamos ainda perto do 'desconhecido', ele também saiu na foto. Depois de chegarmos ao Brasil e revelarmos as fotografias (não tínhamos digital naquela época), a Maíra, filha do CK, olhou para esta foto em que eu estou no terraço do elevador, com o desconhecido um pouco atrás, talvez ele estivesse um pouco de lado, e cismou que fosse Michael Jackson. Nós olhamos a imagem e eu não sabia dizer, até porque fazia muito tempo que não via uma foto de MJ, o Charles também não soube dizer, mas lembro que a Maíra dizia: “meu deus, é ele, está muito parecido, eu não acredito que vocês estiveram face-a-face com o Michael Jackson e não pediram nem ao menos um autógrafo...”, ela pediu então para ficar com a fotografia, é claro que dei a foto para ela, depois ela me pediu o negativo, queria mandar ampliar para tentar ter certeza de que fosse MJ. Pois então, lembrei de tudo isso como se tivesse feito o passeio recentemente, escrevi para o CK pedindo para digitalizar a fotografia e enviar para mim (mas talvez a foto tenha se 'perdido') ou tentar ver com a Maíra se o negativo da fotografia existe ainda, o que daria para fazer outra revelação. Se fosse o Michael, eu poderia ao menos ficar com a lembrança de que olhei para Lisboa lá do alto da ‘torre’ ao mesmo tempo em que ele olhava, de que ele disse uma palavra sobre o que víamos, talvez se referisse mesmo ao Castelo de São Jorge, ficar com a lembrança de que respondi a ele, num diálogo breve, um estar ao lado breve, em uma foto do tipo 'talvez' . E uma palavra breve, ‘lindo’, ‘beautiful’, mas, uma lembrança inesquecível, ainda que eu não o tenha reconhecido (se for ele).
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Que teve um gesto tão lindo quanto, na volta todos que estavam lá deveriam descer juntos, o senhor que estava com o cachorro no colo, não conseguia descer a escada que levava de volta ao elevador (esqueci de dizer: para chegar no último andar onde há um terraço com dois meio-círculos, há uma escada, logo para entrar de volta nele, era preciso descer a mesma escada), eu não tinha como pegar o cachorro porque parecia pesado e eu não sou alta, o rapaz de lindo sorriso ajudou, pegou o cachorro para que seu dono pudesse então descer sozinho. Achei um gesto simples e humano, lembro que eu e o CK comentamos que ali dentro daquele espaço tão pequeno onde nós escutáramos umas 5 línguas diferentes, não foi preciso haver um pedido de ajuda em uma única palavra que fosse, não foi preciso que 'ele', se dispusesse a estender a mão à pessoa desconhecida. Isso seria mesmo a carinha do Michael.
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(CK & Maíra, estou esperando a fotografia, por favor, quero muito saber se pelo menos troquei uma mesma palavra com MJ, sem muita esperança de que fosse realmente ele, sem muita esperança, mas quem sabe? Se a Maíra tinha razão em sua percepção ao ver a imagem e se for MJ, (se o negativo ainda existir), conseguem imaginar de que tamanho será a revelação da imagem que colocarei na parede do meu quarto?) *
[ Passantes das Flores, este texto não é ficção, aconteceu e descrevi só o que eu me lembro, não tem nada extrapolado; as fotos são fotos de fotos, por isso a qualidade ruim; e, claro, se a misteriosa fotografia aparecer eu posto aqui]

Imagens do Elevador de Santa Justa

Na primeira imagem: o Castelo de São Jorge visto do alto do Elevador de Santa Justa, as outras duas imagens são do elevador e terraço (s).

Data da viagem: 31 de julho 1997/08 agosto 1997
(coincidentemente hoje é 31 de julho...)